Se você ainda não viu a série Senna, da Netflix, com o ator Gabriel Leone no papel-título, está perdendo tempo. A obra já é a de língua não-inglesa mais assistida do mundo na plataforma e é pedida obrigatória para amantes de Fórmula 1 e fãs do mito brasileiro das pistas. Mas não só. Além da produção caprichada, com destaque para as sensacionais cenas de corrida que esbanjam uma edição de imagens primorosa, a série de seis episódios também arrebata a audiência ligada em estilo. Ayrton Senna tinha uma personalidade ousada dentro do cockpit, mas ele cultivava o oposto na vida off-circuito. Esqueça os atuais arroubos fashionistas de Lewis Hamilton. As escolhas de Ayrton na hora de vestir-se eram clássicas, com modelagens típicas dos anos 1980 e 1990, e ganhavam força justamente porque o piloto exalava confiança. Era Ayrton que injetava bossa nas roupas e não o contrário. Essa é uma dica valiosa, aliás. Não importa o quão básicas e minimalistas sejam as roupas que você veste, desde que você as preencha com atitude. Por isso, mais do que falar da série em si, queremos aqui destrinchar o segredo por trás do sucesso e da influência do estilo de Ayrton Senna fora das pistas.
Peças-chave
O estilo de Ayrton Senna era uma extensão de sua personalidade discreta e clássica, o que refletia uma essência effortless chic, ou seja, ele era elegante sem precisar fazer muito esforço.
Ele claramente não se preocupava tanto com o que vestia, pois preferia focar na performance nas pistas e no acerto minucioso do carro. Seu guarda-roupa equilibrava peças casuais com toques atemporais. Camisas de mangas curtas, com modelagem mais ampla (como pedia a época, afinal, o slim só dominaria o vestuário masculino duas décadas depois), polos usadas sempre por dentro das calças, fossem elas jeans ou de alfaiataria, ocasionalmente acompanhadas de um cinto.
Às vezes, uma simples camisa branca já bastava. E jaquetas bomber para finalizar as camadas. Frequentemente, a produção era complementada por belos óculos de sol esportivos e um relógio TAG Heuer – Senna herdou o primeiro relógio da marca de seu pai, Miltão, e desenvolveu, por anos, uma estreita relação com a fabricante suíça.
Os relógios de Senna
Falemos dos relógios de Ayrton Senna, então. O piloto brasileiro era obcecado por precisão e mecânica. Isso era evidente quando o assunto eram os carros, mas se estendia também à escolha dos relógios que ele ostentava no pulso. A série da Netflix, por sinal, mostra bem alguns deles, como uma versão vintage de um Carrera Extreme Sport Chronograph, da TAG Heuer – o que Ayrton Senna ganhou de seu pai. Em 1988, a lenda brasileira tornou-se embaixador da grife, status hoje compartilhado também pelo ator Gabriel Leone. Outro modelo, da mesma marca, é o Formula 1 Chronograph, lançado em 1987 e que Senna adotou entre os anos de 1988 e 1993. Senna frequentemente usava também o modelo S/EL Chronograph. A parceria resultou em edições especiais que homenageiam o legado do piloto. O modelo possui cronógrafo com mostrador analógico, pulseira de aço inoxidável com elos em forma de "S", design esportivo e mais robusto. Esse modelo específico não é mais produzido pela marca.
Outro modelo da TAG Heuer usado por Ayrton Senna ganhou edição especial em 2024, em homenagem aos 30 anos da morte do piloto. A edição, limitada a 500 unidades, tem caixa de titânio grau 2, bisel de carbono forjado com taquímetro de até 400 km/h e complicação de turbilhão, que melhora a precisão dos relógios mecânicos ao compensar os efeitos da gravidade.
Mas nem só de TAG Heuer era composta a coleção de relógios icônicos de Senna. Um acessório que acompanhou Senna durante os primeiros anos no automobilismo, antes dele se tornar embaixador da TAG Heuer, foi o relógio Seiko Speedmaster SSBA022, um modelo digital com design futurista, desenvolvido em parceria com o designer italiano Giorgetto Giugiaro.
A Universal Genève desenvolveu dois modelos de cronógrafos em homenagem a Ayrton Senna, alguns anos depois do fatídico acidente na curva Tamburello, no circuito de Ímola. As edições limitadas dos relógios "Senna 41" e "Senna 65", que não são mais produzidos pela marca, foram lançados em 1997 e têm parte dos lucros destinada ao Instituto Ayrton Senna, fundado em 1994 pela família do piloto. Os modelos têm design clássico e elegante, inspirado no estilo pessoal do piloto, e trazem cronômetro certificado.
Os óculos de sol
No quesito óculos, as escolhas do piloto seguiam a mesma linha de suas roupas: elegantes e atemporais. Modelos similares ao estilo aviador, com largas faixas de acetato, e outros com linhas mais finas, com hastes de metal, eram presença frequente nos visuais de Senna.
Pense no Ray-Ban Aviator e nos modelos da Persol, que, inclusive, criou uma linha de óculos em homenagem ao brasileiro, a Persol Senna Series, que reimagina o estilo icônico dos óculos da marca.
Jaquetas e moletons
Outros elementos marcantes nos visuais de Ayrton Senna: as jaquetas e os moletons oversized. Assim como as camisas que costumava usar, suas terceiras peças também seguiam cortes amplos, refletindo não apenas o estilo predominante da época, mas também reforçando suas escolhas pessoais. Curiosamente, esses looks podem ser recriados hoje sem parecer caricatos. Mesmo sem intenção, Ayrton mostrava que moda e esporte sempre caminharam lado a lado.
Shorts curtos
No verão, Ayrton Senna não hesitava em vestir shorts com comprimentos que terminavam no meio das coxas, fosse para um rolê de bicicleta, uma corrida ou simplesmente para passear.
Mocassim com meias
A polêmica combinação não assustava Ayrton Senna. Ele era frequentemente visto em momentos sociais calçando mocassins de couro, sobretudo no modelo Driver, com meias brancas. Uma ousadia até então reservada a Michael Jackson, mas que tinha seu lugar nos anos 1980. A ideia voltou à moda recentemente, nos pés mais modernos, e requer uma tremenda personalidade para “segurar o look”.
O boné nacional
E quem diria que um simples boné azul marcaria para sempre o estilo de Ayrton Senna, tornando-se um verdadeiro tributo por parte dos fãs do piloto e de Fórmula 1 em corridas ao redor do mundo? Mesmo fora do Brasil, é relativamente comum ver alguém usando o acessório que alcançou status de cult ao longo dos anos.
O extinto Banco Nacional firmou parceria com Senna em 1984, quando ele ainda estava na escuderia Toleman. Mesmo tendo recebido inúmeras propostas para trocar de instituição ao longo da carreira, o piloto permaneceu fiel ao patrocinador que apostou nele em seus primeiros passos na categoria. Criou um verdadeiro item de colecionador.
Postado em: