Do design minimalista ao uso de materiais crus, a arquitetura brutalista nasceu com um propósito funcional e voltado para seus habitantes. No entanto, críticos associam essa linha de design a uma estética fria, sem alma, e até ao totalitarismo soviético, em parte porque muitos prédios governamentais da antiga União Soviética seguiram essa estética, consolidando essa percepção no Ocidente. A questão está em separar o concreto aparente e as linhas duras do brutalismo da bagagem cultural da Guerra Fria.
Com três horas e meia de duração, "O Brutalista", de Brady Corbet, foi indicado a 10 categorias no Oscar 2025 e e venceu em três delas:
- Melhor Ator: Adrien Brody por sua interpretação de László Tóth.
- Melhor Trilha Sonora Original: Daniel Blumberg.
- Melhor Fotografia: Lol Crawley.
O movimento brutalista
O brutalismo surgiu entre as décadas de 1950 e 1960 e se destacou por suas construções pesadas, com muito concreto aparente, linhas retas e um visual cru. O nome vem da expressão francesa "béton brut" (concreto bruto), pois os arquitetos priorizavam a exposição dos materiais, sem tentar escondê-los ou refiná-los excessivamente.
Esse estilo ficou famoso por sua aplicação em prédios públicos, universidades e blocos residenciais. Suas construções transmitiam robustez, solidez e austeridade. Para alguns, o brutalismo pode parecer imponente e opressor; para outros, sua autenticidade e sua estética diferenciada são fascinantes.
O movimento também carregava um ideal social, já que muitos arquitetos acreditavam que essa arquitetura poderia contribuir para uma sociedade mais igualitária. Seus prédios eram simples, funcionais e acessíveis a todos. Apesar das polêmicas, o brutalismo marcou época e segue influenciando a arquitetura moderna.
No brasil
No Brasil, há diversos edifícios inspirados no brutalismo. Entre os mais icônicos estão:
- Museu de Arte Moderna (MAM), no Rio de Janeiro;
- SESC Pompéia, em São Paulo, projetado por Lina Bo Bardi;
- Museu Brasileiro de Escultura e Ecologia (MuBE), também em São Paulo;
- Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, desenhada por João Villanova Artigas e Carlos Cascaldi.
O filme
"O Brutalista" se passa em 1947 e acompanha a trajetória do arquiteto húngaro László Toth (Adrien Brody) e sua esposa Erzsébet (Felicity Jones), que fogem da Europa devastada pela guerra em busca de um recomeço nos Estados Unidos. Lá, o industrial Harrison Van Buren (Guy Pearce) oferece a László uma oportunidade única: projetar um grandioso monumento modernista que pode redefinir sua carreira.
Esse projeto promete elevar o casal a um novo patamar de reconhecimento e sucesso, mas o caminho é repleto de desafios e reviravoltas ao longo de quase três décadas. Em seus melhores momentos, Corbet traduz a grandiosidade e a escala monumental que o brutalismo evoca. A abertura do filme, impulsionada pela trilha grandiosa de Daniel Blumberg, é impactante. A narrativa leva rapidamente o arquiteto dos becos nova-iorquinos aos arredores da Filadélfia, onde reencontra seu primo Atilla (Alessandro Nivola), agora rebatizado como Miller e convertido ao catolicismo por conveniência.
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