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Clóvis de Barros: o que aprendi com meu pai

Convidamos o professor e filósofo Clóvis de Barros para ser protagonista da campanha de Dia dos Pais da Oficina. Os ensinamentos transmitidos por seu pai, falecido há 30 anos, permanecem vivos e atuantes no modo de pensar, de ensinar e de enxergar a vida.

clovis de barros

4 minutos

Jornalista, filósofo, professor e palestrante, Clóvis de Barros Filho nasceu em Ribeirão Preto (SP) e é livre-docente na área de Ética da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP). Autor prolífico, publicou, entre muitos livros, “A Política da Constituinte” (1988), "Ética na Comunicação" (2008) e “Epaminondas: o gato explicador” (2022). Para além de seu robusto currículo, Clóvis é um sábio, com uma visão apaixonada da vida, e herdou de seu pai, além do nome, os valores inegociáveis que transmite em suas aulas, palestras até nos podcasts Inédita Pamonha e #PartiuPensar.

Clóvis é o convidado da campanha de Dia dos Pais da Oficina e deu declarações emocionantes – e emocionadas – sobre o legado que seu pai, falecido há 30 anos, lhe transmitiu. Assista aos vídeos e inspire-se nas belas reflexões de Clóvis. Listamos algumas a seguir:

O PAI

“Eu entendo que meu pai era um gênio, infinitamente mais brilhante do que eu. Seus ensinamentos se aproximavam da filosofia mais erudita, sem que ao menos ele soubesse quem era Nietzsche. Ele era capaz de expressar ideias muito sofisticadas e ricas sobre a vida, sem ter estudado metade do que eu estudei.”

OS ENSINAMENTOS

“Muita coisa que o meu pai me falava eu reencontrei anos mais tarde nos livros de filosofia. Ele dizia: ‘demore o tempo que for para perceber o que quer da vida. Depois que perceber, não esmoreça. Siga sempre em frente; para trás, nem para pegar impulso!’. É muito semelhante ao que Nietzsche pregava.”

“Haverá dificuldades incríveis na vida, você precisa estar preparado e apto para enfrenta-las. Nunca devemos desdenhar das chances que a vida nos dá para nos ensinar a viver.“

“Meu pai dizia: ‘você tem de apostar em você; a torcida terminará por aplaudir quando perceber que você está brilhando. Portanto, não abra mão das suas convicções.’ Este é o ensinamento da filosofia grega mais clássica.”

“Suportar a tristeza era um chavão dele. Nada mais era do que o que chamamos hoje de resiliência. ‘Se o medo te dominar, você fracassará. Procure diagnosticar o medo em você e não o deixe vencer’, dizia ele.

A VOCAÇÃO

“Meu pai sempre me dizia que eu tinha de descobrir qual era a minha praia. Demorou para que eu entendesse o que ele queria dizer com isso. No fundo, ele queria identificar aquilo que, em mim, eu teria mais aptidão para fazer e que respeitasse a minha natureza. Ele redigiu uma lista de possibilidades: arte, música, fotografia, cálculos... Eu era ruim em tudo. Isso não diminuiu o amor dele por mim. Um dia, ele me viu explicando a matéria para um grupo de alunos antes de uma prova. “Já sabemos qual é a sua praia”, disse ele, dirigindo o seu Fusca branco. “Você é um explicador!”.

“Sua educação foi de excelência, sublime, só não gerou mais frutos por causa das minhas imperfeições. Formação eu tive para ir muito longe.”

A PRESENÇA

“A presença do meu na minha vida é diária e consciente. Tenho perfeita consciência das coisas que ele me transmitiu. ‘Não se acomode diante dos mínimos detalhes de apequenamento. Vá atrás da perfeição.’ Ele foi um espetacular RH.”

A PRÓPRIA PATERNIDADE

“Tive filhos muito diferentes entre eles, cada um tem a sua personalidade. Nunca consegui dar a eles o apoio visceral do meu pai, mas pelo menos não os atrapalhei. Pelo menos estive lá para conversar, e respeitei as suas escolhas. Tive o mérito de não ter desistido deles nunca; e mérito de ter suportado a pressão do mundo. Não me arrependo um segundo de ter feito como eu fiz.”

O LEGADO

“Esse patrimônio transmitido pelo meu pai é inesgotável. Em cada situação da vida, fácil ou difícil, eu recupero algum ensinamento ou sugestão dele.”

“A figura paterna é difícil de ser substituída. Mas é possível encontrar gente a nos ensinar pelas nossas trajetórias. Somos todos educadores. Pessoas precisam ser formadas, preparadas, para integrar o time dos humanos.”