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Edivan Costa, fundador da Sedi

Foi trabalho duro e uma pequena dose de sorte para que o menino que cresceu numa comunidade passasse a circular nas salas da diretoria dos grandes grupos de varejo do país.

Ele nasceu em uma família de sete filhos. O pai era metalúrgico, a mãe era doméstica e, talvez exatamente por isso, os dois foram sua principal referência para qualquer situação de vida ou carreira. “Eles foram meu exemplo de luta, de trajetória, de trabalho duro”, diz Edivan Costa, o mineiro que está à frente da Sedi, empresa que presta serviços de regularização e legalização para outras companhias há vinte anos em todo o Brasil. Tem, entre seus clientes, o grupo Carrefour e as locadoras Unidas, e está em onze escritórios pelo Brasil. Edivan começou sua trajetória de “empreendedorismo” aos 7 anos, catando papel na rua para comprar seu material escolar. Aos 14, foi jogar no América, aos 18 no Palmeiras – e abandonou a carreira quando o pai ficou doente e ele e o irmão assumiram o sustento da família. Foi aí que aceitou um trabalho como office boy em um escritório de advocacia em que ele não ganhava nada, mas tinha uma parte na sociedade. E, a partir daí, foi trabalho duro e uma pequena dose de sorte para que o menino que cresceu numa comunidade passasse a circular nas salas da diretoria dos grandes grupos de varejo do país. E, mesmo sem ter feito faculdade, se tornou empreendedor Endeavor. A história é dura, mas ensinou ao empresário lições que hoje ele aplica no trabalho. “Tem hora que eu penso em desistir, que está dando tudo errado, e eu vejo de onde vim, em tudo o que trilhei. É nisso que eu busco forças”, diz. Aqui, Edivan nos conta um pouco mais desse caminho inspirador.

Sua vida foi cheia de dificuldades, desde a infância e adolescência pobre, mas parece que isso não conseguiu te impedir. De onde vem sua força?

Cresci em uma comunidade na periferia de Belo Horizonte. E isso não tem jeito de esquecer. Não tem como passar por cima. Até porque pra você não se perder no seu destino, melhor olhar para sua origem. É fundamental que você tenha uma referência – e eu sempre tive a família. Aí você consegue extrair um pouco mais de força nas horas em que tudo está dando errado. Foi muito por meu pai e por minha mãe, eu queria vê-los bem, dar uma vida com mais conforto a eles, que eu me esforcei pra sair daquele lugar. Eu não estaria aqui se não fosse por milagre. E hoje, quando eu volto na comunidade em que passei a infância, todos me respeitam porque sabem que eu escolhi trilhar o caminho das coisas certas.

Você começou a empreender muito cedo. Como foi essas escolha?

Com 20 anos eu já comecei a empreender. Muito mais por necessidade do que por oportunidade. Eu nem sabia o que eu tava fazendo direito, só fui fazendo. Eu não sei se eu aprendi rápido… Talvez fosse o medo de dar errado e ter que voltar pro lugar onde não gostaria de estar novamente, de necessidade. Já tive dó de mim… Mas me aprumei e consegui. Foi assim que, em 30 dias, eu tirei 60 alvarás que estava emperrados havia uns 4 anos. Esse foi meu primeiro trabalho para os supermercados Mineirão, meu primeiro cliente grande. Conseguir aquilo foi magnífico. Eu vi que tudo era possível e isso me deu força pra continuar crescendo. A partir daí a coisa deslanchou.

Você fala bastante em Deus, em espiritualidade. Isso está presente no seu dia a dia e na empresa?

Eu levo para o trabalho porque é exatamente isso o que não me deixa ter algum tipo de atitude da qual eu me arrependa mais tarde. Sua religiosidade é um limitador na sua vida. E quando eu me coloco com essa postura diante dos meus clientes ou do time, isso faz com que eu procure a melhor atitude para aquele momento. É melhor eu falar a verdade e pagar o preço por isso do que tentar omitir ou mentir pra levar vantagem. Além disso, espiritualidade tem a ver com autoconhecimento. Meus pais estavam preocupados com a sobrevivência, não puderam me guiar por esse lado da psicologia que hoje se fala, de você se conhecer e tal. Mas isso é muito importante, é fundamental para um empreendedor. Quando a gente cultiva a espiritualidade, a gente olha pra dentro da gente. Você sabe quem você é e se respeita, sabe onde consegue chegar.

Onde você quer chegar como empresário?

Meu sonho é que a gente consiga ajudar muito a melhorar o ambiente de negócios nesse país. Não sei se eu vou viver esse momento, tenho minhas dúvidas… Mas queria muito viver em um país onde a burocracia fosse menor e houvesse mais condições para se criar negócios, ter menos peso do governo sobre o ambiente de negócios e sobre a produção. E vejo isso muito longe ainda. Claro que o Brasil está muito melhor do que há 15 anos, mas falta muito.

Poderíamos ser muito maiores, mas decidimos crescer de maneira consistente

E como você vê essa mudança?

Claro que isso exige uma mudança do governo, mas exige também uma mudança na nossa cultura. Faço uma comparação simples: chega pra um americano ou para um europeu e pergunta quantas regras existem dentro de casa, para que os filhos e todos sigam? Geralmente são poucas e todo mundo tem que obedecer. Aqui, possivelmente temos muito mais regras que nenhum filho segue. E tudo bem! Se nossos filhos não conseguem seguir as regras que impomos dentro de casa, porque seguiriam a lei ou outras que estão lá fora? É como as pessoas agem no dia a dia, não só o governo. Além do que, somos imediatistas. E o ambiente imediatista dá espaço para a corrupção. Mas acho que isso também vem mudando. Hoje há uma preocupação maior com aquilo que não é certo. Ha um tempo atrás, quando íamos regularizar um imóvel, era comum ouvir de grandes empresários: “Não faz isso que tem um amigo meu que resolve”. Hoje essa postura está mudando. Aos poucos, mas está.

O que mudou pra você depois de ter sido escolhido empreendedor Endeavor?

Quando eles me convidaram pra um processo de seleção, eu mal sabia o que iria enfrentar. Cheguei na reunião e comecei a ouvir um monte de perguntas. Teve um que me perguntou qual era o meu EBITDA e eu respondi: “Essa licença eu não tiro não” [risos]. Hoje eu sei o que é EBITDA, mas naquela hora eu não sabia. Mesmo assim, tive que enfrentar, passei para o painel internacional, fui recebido com mais perguntas. Nem todas eu consegui responder, mas tive uma vontade imensa de procurar as respostas. Foi aí que, ao passar no painel nacional e ao passar no painel internacional, que foi em Miami, eu voltei pro Brasil e, dentro do avião, eu tomei uma decisão de estudar.

E como foi voltar para a escola? Você não tinha feito faculdade, certo?

Sim, eu cheguei no IEESE, que é ligado à Universidade de Navarra, e me perguntaram se eu tinha faculdade, se eu tinha estudado isso ou aquilo… E eu disse que não tinha estudado nada. Em determinado momento o cara virou pra mim e perguntou: “O que você faz, então?”. E eu: “Sou empreendedor Endeavor!”. Ele então respondeu que eu estava aceito [risos]. E depois disso eu fui estudar na Universidade de Navarra, fiz curso em Harvard, fiz curso no Babson College, fiz curso no MIT… E não paro de ler. Sou auto-didata. Mas eu não sou só da teoria. Gosto de ler e aplicar.

O que é empreender no Brasil?

No passado, era uma caixinha de surpresas. Hoje, é muito mais um desafio planejado. E acima de tudo, posso dizer que é não desistir. Se alguém tivesse me falado há 20 anos que empreender seria tudo isso o que eu vivo hoje, acho que faria uma avaliação bem cuidadosa [risos]. Se eu soubesse como é a dificuldade em lidar com pessoas, ver o maior querendo pisar no menor, o esforço absurdo para não desistir, abrir mão do tempo com a família… Talvez eu tivesse reavaliado. Empreender é isso. Se você tem uma ideia e você está disposto a perder no mínimo 7 anos, ou 15 ou 20 anos da sua vida para fazer essa ideia acontecer, mete o pau, vai pra cima. Mas se você não está a fim de largar a balada, se você não está a fim de largar o domingo na praia, se você não está a fim de fazer escolhas difíceis, não vai não porque empreender é difícil.

Empreender é isso

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