Nascido e criado em Minas Gerais, Felipe Rameh é chef de cozinha há mais de 20 anos, mas prefere se apresentar como cozinheiro. Segundo ele, hoje em dia, para ser chef de cozinha basta se formar na faculdade e ter um diploma, enquanto o título de cozinheiro exige anos de experiência em um restaurante ou cozinha. Cozinheiro é o exercício da profissão.
Durante os primeiros 15 anos de sua carreira, Rameh focou-se nesse exercício. Ao se formar, seu objetivo era criar pratos incríveis, conquistar prêmios e explorar diferentes lugares a trabalho. Essa aspiração tornou-se realidade em seu primeiro emprego no renomado restaurante D.O.M., de Alex Atala, em São Paulo.
Ao lado do chef, Rameh desenvolveu uma paixão pela estética gastronômica e teve a oportunidade de viajar por mais de 10 países, enriquecendo-se com diversas experiências profissionais e imersões culturais.
“A cozinha é um retrato muito forte da cultura dos lugares. Ela conta muita história e essas experiências te enriquecem bastante.”
Felipe Rameh
Essas vivências com Atala despertaram em Rameh o desejo de explorar ainda mais o mundo e suas culturas. Mudou-se para a Espanha, passando um ano no renomado restaurante Mugaritz, focado não apenas na culinária, mas também na relação com os ingredientes e processos.
Um restaurante onde se atendem 50 pessoas por dia com uma equipe de 50 cozinheiros. Focado em proporcionar pratos que transcendem os sentidos, a jornada dos cozinheiros estava para além da cozinha. Eles saiam de madrugada para colher cogumelos nos bosques e cuidavam de uma horta orgânica dentro do restaurante.
Após essa experiência, seguiu para Londres, onde trabalhou em um restaurante com proposta oposta, atendendo 1000 pessoas diariamente com apenas 6 membros na equipe. Sua jornada internacional culminou em Bruxelas, na Bélgica, contribuindo ativamente para um restaurante prestes a conquistar sua primeira estrela Michelin.
O retorno ao Brasil
Um convite inesperado mudou o rumo de sua vida, levando-o de volta a Muriaé, interior de Minas, para abrir um restaurante. O desafio não apenas o reconectou com suas raízes, por ser a cidade onde tinha passado parte de sua infância, como também proporcionou uma imersão profunda na cultura gastronômica brasileira.
“Eu conhecia mais da cozinha europeia que da cozinha do meu próprio país.”
Felipe Rameh
Assim nasceu o Benedita Bistrô, marcando uma nova fase na carreira de Felipe, que desde então lidera estabelecimentos renomados, como o Tragaluz em Tiradentes.
Hoje, sua vida reflete seus valores, conciliando a gestão de restaurantes com projetos de conteúdo. Tudo isso residindo em Belo Horizonte, em uma casa que se tornou uma assinatura de Felipe Rameh: a casa Floresta.
Ele conta: "Passei 15 anos dentro de restaurantes e hoje busco formas de atuar que me deem mais liberdade na vida. Eu moro numa casa que fica num bairro super tradicional em Belo Horizonte, que é a Casa Floresta, que além de ser o lugar que eu vivo, é o lugar onde eu recebo as pessoas para pequenos eventos particulares e corporativos."
A casa Floresta representa o epicentro de sua vida, integrando distintas facetas, desde uma cozinha operacional até uma residência contemporânea integrada à natureza. Este espaço multifuncional acolhe eventos com informalidade, refletindo a essência despretensiosa de Felipe. Na mesma cozinha que hospeda eventos, compartilha momentos descontraídos com amigos e prepara café da manhã para seus filhos.
Ao longo dos anos, Rameh percebeu o desejo de alinhar sua profissão com seus valores e Casa Floresta serviu como catalisador para esse processo. Ele observou a gastronomia como uma indústria fortemente vinculada a processos, com uma obsessão por ingredientes, muitas vezes criando um ambiente quase hostil, negligenciando as relações com colegas e fornecedores.
“Meu desafio não é criar o melhor restaurante do mundo, mas sim o melhor restaurante para o mundo.”
Felipe Rameh
Postado em: