Dizem que o fotógrafo congela momentos.
Apesar de bonita, penso que essa frase faz pouco jus ao trabalho de Weber Pádua. Afinal, um vídeo pausado raramente resulta em uma boa foto. Weber faz mais do que imortalizar momentos; ele conta histórias e capta sentimentos.
Dores, alegrias, medo, tensão, alívio... Quem nunca sentiu isso vendo uma foto? A fotografia do Webinho nos leva de volta àquele momento e, às vezes, faz até mais do que isso, já que a câmera pode captar o que nossos olhos não são capazes de ver.
Tive a sorte de morar na mesma rua do estúdio do Webinho desde novo, e sempre que o visitava, me surpreendia com o quanto ele, além de fotógrafo, era um verdadeiro maker. Weber sempre teve muitas ideias e era muito agitado, o que o levou a explorar outros caminhos além da fotografia.
Como ele mesmo diz:
"Então, eu sou fotógrafo, mas todo mundo também acha que eu sou maker, porque a fotografia é uma parte das coisas que eu faço. Eu já tive uma balada em 88, depois disso dei aula de fotografia, estudei fotografia, fiz engenharia, fiz arquitetura, mas não me formei em nada. Formei em design gráfico.
A fotografia é muito abrangente, então você sempre tem que ter uma, entre aspas, gambiarra. Que é um artifício técnico para resolver alguns problemas. No estúdio, temos várias soluções. Vai fazer um gobo, vai barrar uma luz, vai fazer um tripé preso no outro, vai fazer um piso. A engenharia me deu um embasamento para isso. Sempre damos uma solução bacana para o problema. Isso é o que chamam de maker."
Buscar a excelência em trabalhos instrumentais faz com que o Webinho não apenas entre em uma busca incessante por aperfeiçoamento pessoal e técnico, mas também queira utilizar sempre o melhor disponível. Apesar de isso ser positivo, essa busca pelo melhor também tende a afastá-lo do comum, do cotidiano, do real, que é o que ele quer captar e transmitir. Ao longo dos anos, isso o tornou cada vez mais crítico.
Vivendo continuamente esse impasse, Weber aprendeu a ver como o extraordinário está ligado ao comum, como a própria palavra denota. Para algo ser extraordinário, é necessário que o ordinário esteja presente.
E essa busca pela precisão se reflete em outras paixões, como o café, onde ele quer o máximo de perfeição possível, mas reconhece que a qualidade orgânica do grão ainda é essencial. "O café tem que ser bom. A planta tem que ser boa, o grão tem que ser bem torrado." Quando se tem um grão de café muito bom, ele quase exige uma água tão boa quanto, um processo de extração bem feito e cronometrado, além de equipamentos que vão extrair o melhor daquele grão. Assim, a régua vai subindo. Ele sente que a busca pela perfeição é quase incessante. Mas também percebeu, em meio a tudo isso, que o simples realizado com excelência é por vezes ainda mais impressionante, por entregar muito valor com muito menos.
E o mais lindo de tudo, é que o apreço do Webinho pelo simples e pela excelência é tanto, que ele não quer usufruir dela sozinho.
Ele usa sua paixão por essas coisas incríveis para difundir o que gosta, mas de forma acessível a todos.
Isso também se refletiu na Velotime, um espaço onde a pedalada competitiva indoor ganha vida, permitindo que as pessoas compitam virtualmente em algumas das corridas de bicicleta mais desafiadoras do mundo. Weber se reúne com os entusiastas das bikes lá, e toda sexta-feira, após o treino, eles se juntam para tomar um café.
Assim, Weber entendeu que a busca pela perfeição não precisa afastar as pessoas, mas pode ser motivo para aproximá-las. Seja no café ou na fotografia, ele sempre amou reunir amigos, conversar e contemplar todas as potencialidades que o misto de conhecimento e equipamento pode trazer. Mas o deleite de Weber não está só em demonstrar o que tudo aquilo pode fazer, mas também em como é possível chegar tão próximo do espetacular apenas com o que se tem à mão, seja passando um café em casa ou com o celular no bolso.
“O que eu consegui através do café foi unir pessoas. Servir. A gente acaba querendo servir pessoas. Fazer alguma coisa boa para alguém.”
Weber Pádua
Ultimamente ele tem entrado cada vez mais no universo das bikes e vê tudo aquilo em que acredita também se manifestando por ali. Em suas palavras: "A tecnologia toda é legal para te dar um amparo para o seu orgânico de novo, que é o que vai variar."
No fim das contas, independente do que o Webinho for fazer, ao invés de criar barreiras, ele cria pontes.
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