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Gabriel Benarrós cofundador Ingresse

Não importa se é para ir a um show em um mega estádio ou a um luau na Bahia, a vontade de Gabriel Benarrós, co-fundador da Ingresse, é tirar as pessoas de casa para viverem experiências.

“As pessoas não vêem a dor de empreender, só vêem as coisas que deram certo”

Não importa se é para ir a um show em um mega estádio ou a um luau na Bahia, a vontade de Gabriel Benarrós, co-fundador da Ingresse, é tirar as pessoas de casa para viverem experiências. Sua plataforma, ajuda os usuários a encontrar – e a comprar eventos que tenham a ver com seu perfil. Esse ano, deve faturar R$ 1 bilhão em vendas, tudo isso com um empurrãozinho que conseguiu nas quatro rodadas de investimento, onde arrebatou sócios como Mercado Livre e Qualcomm. “Hoje, somos a maior plataforma de eventos da América Latina em volume”, diz. Ele conta aqui nessa entrevista como chegou lá tão cedo.


Como foi o primeiro passo da Ingresse?

Eu comecei o projeto em 2013, lá em Stanford, cursando minha graduação. E tentei colocar o carro na rua o mais rápido possível, acho muito importante falar com as pessoas, seu usuário de verdade. Estava estudando aprendendo economia e, ao mesmo tempo, atendendo usuário no SAC. Foi completamente enlouquecedor. Eu dormia todo dia por volta das três da manhã. Com o fuso, era quando as pessoas no Brasil estavam acordando pra gente começar a conversar sobre produto. E ao final consegui voltar pra cá pra focar no projeto.

Que história é essa de “concorrer” com a Netflix?

A gente se vê como um concorrente do Netflix no longo prazo. Ou seja, você vai pensar: quero ficar em casa e ver meu seriado favorito ou quero ver gente, ir pra rua, sair com os amigos, quero tomar um drink, ver um show? O sonho grande é conseguir trazer pra as pessoas experiências novas. A empresa nasceu de uma crença que o que mais importa na vida são as experiências, o que a gente viveu. Então a plataforma tenta gerar pra você aquela experiência inesquecível. Seja o ano novo, o carnaval com os amigos ou aquela exposição que você sempre quis ver.

Vocês tiveram algumas rodadas de investimento. Como levantaram?

Uma das coisas mais críticas que uma empresa de tecnologia precisa fazer para crescer é conseguir financiamento. A gente fez quatro rodadas de investimento e temos um monte de sócios legais. Mercado Livre, Qualcomm, a Confrapar, a DGF… vários fundos que investem em tecnologia. Quem busca investimento, o meu conselho: vai pra rua, vai pro mercado, vai falar com os investidores, vai se apresentar. É uma coisa um pouco curiosa porque você está vendendo o seu sonho, mas tem que ser uma venda muito analítica, tem que fazer sentido, as contas precisam bater e tudo tem que ser pensado no longo prazo.

A empresa cresceu muito rápido. Como foi esse crescimento do ponto de vista pessoal?

Uma montanha-russa. Não é à tôa que muitos empreendedores adoecem. Por um tempo, você perde sua vida social, dorme pouco. Tem um talk que eu faço, estilo TED, em que eu falo sobre isso. Ninguém fala muito explicitamente em fracasso, né? É difícil vender vulnerabilidade, fracasso. Mas, sim, você fracassa muito. E não tem jeito, não tem MBA que ensine isso. A gente quer vender pra nossa equipe, pros nossos investidores, que a gente sabe o que está fazendo, que é seguro, que a gente é vencedor. Mas acho que a atitude mais honesta é admitir que muitas vezes não sabemos se vamos conseguir cumprir nossos objetivos. E empreender é descobrir como fazer isso. E eu acho que empreender não deveria ser visto como uma vitória, mas como uma sucessão de derrotas que levam, eventualmente, a encontrar o caminho certo.

Conte como é que você lidou com uma derrota que sofreu…

Várias. Mas tem uma, faz uns quatro anos, quando a gente abriu vendas pra um evento grande num estádio, um daqueles estádios novos da Copa… Todo mundo na cidade entrou ao mesmo tempo no site e o site desabou completamente. A gente foi capa do jornal da cidade: “Empresa de ingressos cai durante abertura de vendas”. Esse foi um dos momentos que eu pensei assim, cara, acabou, a gente nunca mais vai se recuperar. Mas tem que ter resiliência, aprender como que aconteceu, gostar da briga. Eu gosto da luta, não apenas do resultado final.

A Ingresse está se consolidando, comprando outras empresas, e virando referência no mercado de eventos. Qual o caminho para enfrentar essa onda crescimento e manter valores e qualidade?

A gente foi de R$ 3 milhões em vendas no primeiro ano para R$ 1 bilhão nesse ano. E com esse crescimento, tudo quebra. Tem que refazer o financeiro, as operações, o atendimento, como você viu com essa história do site cair. Nessas transições, nossas avaliações foram lá pra baixo, os usuários não ficaram contentes. Apanhamos muito para aprender. Toda vez que você chega num patamar novo, você vai ter que refazer a empresa, redesenhar os seus processos e descobrir como você vai se manter no novo patamar. Eu sempre fui muito impaciente, ansioso. Acho que é uma característica de muitos empreendedores que querem construir tudo rápido. Mas acho que minha ansiedade me levou a cometer muitos erros. Com o passar do tempo, descobri que algumas coisas vêm no tempo certo. Às vezes, o melhor a fazer é esperar.

Aos 30 anos, o que você já aprendeu com isso?

Exatamente… Acho que a gente tem que lembrar que a gente é novo, ainda. Tem muita coisa pra aprender. Em tecnologia, é fácil se esquecer disso, quando a gente tem tantos ídolos que são muito jovens… Acho que a humildade vem com os fracassos. Veio pra mim, pelo menos. Eu era arrogante demais no início. Mas tudo isso sem deixar de ser autoconfiante, que é um equilíbrio tênue. Você tem que descobrir como ser confiante e arrojado, mas ao mesmo tempo humilde e prudente.