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Fernanda Ribeiro, CEO Conta Black

Fernanda Ribeiro, CEO da Conta Black, iniciou sua carreira no setor aéreo, mas um burnout a levou a buscar novos horizontes no empreendedorismo.

Foi um burnout que fez com que Fernanda Ribeiro desse adeus a uma trajetória no setor aéreo para embarcar no mundo do empreendedorismo. Com dois sócios — um deles é Sergio All, seu marido —, ela montou, em 2015, o AfroBusiness Brasil, cuja razão de ser é dar mais oportunidades de trabalho e renda para a população negra. A empresa deu origem a mais um negócio de impacto, a Conta Black, da qual Fernanda é a CEO. O intuito da fintech é facilitar a inclusão financeira do mesmo público.

O que é a Conta Black?

É um hub de produtos e serviços financeiros alocados numa conta digital — permite fazer desde transferências até pagamentos. Mas como nosso principal objetivo é promover a inclusão financeira de pessoas pretas e periféricas, também oferecemos empréstimo, microcrédito e seguro para essa população. Hoje a Conta Black tem 49 mil clientes espalhados pelo Brasil. É uma base preta, formada principalmente por mulheres. Por isso representamos bem o nosso país. As pessoas pretas correspondem a 57% da população brasileira e as mulheres, a 52%.

Você se formou em turismo. Como se aproximou do mundo financeiro?

Sim, e a formação em turismo tem muito a ver com a minha infância. Meu pai trabalhava com aviação e desde cedo frequentei aeroporto, o que me levou a querer trabalhar nessa área. Atuei em duas companhias aéreas, sempre trabalhando com comunicação e vendas, ajudando na construção das experiências de viagem. À medida que fui subindo de cargo, vi cada vez menos pessoas parecidas comigo, o que me obrigava a entregar o triplo. E isso levou a um burnout. Decidida a mudar de carreira, fiz uma programação financeira de um ano até solicitar a minha demissão.

E qual foi o passo seguinte?

Tirei um ano sabático e no finalzinho dele fundei o AfroBusiness Brasil com o Sergio All e o Marcio Valêncio. O objetivo era unificar networking para que pessoas pretas tivessem mais oportunidades de trabalho e renda. Daí começamos a perceber que os empreendedores pretos tinham demandas que, na época, não eram atendidas pelos bancos tradicionais. O Sergio, por exemplo, é publicitário. Ele tinha uma agência e quando foi solicitar um empréstimo para trocar equipamentos, teve o crédito negado. Foi no mesmo banco que administrava a folha de pagamento da agência. Nem o Sergio, um cliente antigo, nem a agência estavam negativados. Mas mesmo assim o crédito foi negado, sem justificativa. A reação dele foi essa: 'tudo bem, um dia vou abrir um banco'. O empreendedor preto tem o crédito negado quatro vezes mais do que o branco, quando as condições são exatamente as mesmas. Decidimos resolver o problema e isso levou à criação, um ano depois, da Conta Black.

De que forma a Conta Black tem impactado a vida dos clientes?

Há muitos casos de mulheres que conseguiram ter acesso à primeira conta em banco. E, com isso, conseguiram sair de uma situação de violência doméstica. É uma forma de reinvenção. Muitas mulheres que começaram a empreender também recorreram à Conta Black. Uma cliente nossa, por exemplo, chegou até nós em uma situação precária. Devia para agiota e estava com o negócio dela todo bagunçado, contabilmente falando. Com o AfroBusiness Brasil, ajudamos ela a sair dessa situação e, com a Conta Black, pudemos lhe oferecer crédito. Somos um negócio de impacto. Entre gerar lucro e impactar a vida das pessoas, optamos por fazer as duas coisas.

Você pretende se aposentar aos 45 anos de idade, é isso mesmo?

A Conta Black defende muito a importância da educação financeira. Quando eu comecei a desenhar a minha migração de carreira, passei a entender sobre investimentos e aplicações e a tomar gosto pela coisa. Tenho esse plano audacioso de me aposentar aos 45 anos de idade. Obviamente, não vou conseguir parar de trabalhar de fato, mas terei uma aposentadoria financeira. Essa é a meta — faltam 7 anos — e quero encorajar outras pessoas a fazerem o mesmo.

Qual foi o maior erro e o maior acerto que você e seus sócios cometeram?

Não romantizo a minha jornada empreendedora. Cometi erros e foram vários. Começamos a Conta Black em seis sócios, um número grande. E devíamos ter feito um acordo formal entre nós. Sociedade é igual casamento. Eu sou casada com um dos sócios, mas não com os outros. Quando os objetivos da empresa foram mudando, começaram a surgir problemas entre os sócios. Meu conselho para todo empreendedor com sócio é formalizar tudo logo no início. Um acordo do tipo inclui normativas para todos os cenários possíveis, o que dá segurança para todas as partes. E o maior acerto que cometemos? Nunca nos desviamos do problema que temos a missão de ajudar a resolver.

Qual é sua maior qualidade como empreendedora?

Sou muito objetiva, o que facilita a comunicação e me impede de falar meias verdades. E me acho muito ousada. Me vejo como uma hacker que faz uso de brechas no sistema para, de maneira ousada, resolver problemas aparentemente sem solução. E sou muito focada. Sei muito mais o que não quero do que quero, e isso me ajuda a direcionar a minha energia.