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Camila Farani, empreendedora e investidora

Camila Farani começou sua trajetória empreendedora aos 16 anos, quando ajudou sua mãe em uma tabacaria. Na entrevista Camila discorre como foi sua jornada até se tornar uma empreendedora e investidora presente até no programa do Shark Tank.

No que dependesse da família, ela teria virado juíza. Mas a veia empreendedora da carioca Camila Farani falou mais alto. A partir de um negócio familiar, uma tabacaria, ela se lançou como empresária e não parou de crescer. Sócia-fundadora da boutique G2 Capital, ela está envolvida, atualmente, com mais de 45 startups que movimentam cerca de 3,7 bilhões de reais por ano.

Sua carreira de empreendedora começou quando você foi ajudar sua mãe numa tabacaria. Como foi essa história?

Comecei a trabalhar, por ‘livre-espontânea-pressão’, aos 16 anos. Minha mãe falou: 'vem trabalhar porque não tenho dinheiro para pagar colaborador'. Minha mãe começou a empreender por sobrevivência. Ou abria um negócio com o pouco de dinheiro que meu pai havia deixado, ou não teria como colocar comida em casa. Havia um boom do charuto, e ela, sem entender nada do assunto, montou uma tabacaria. Comecei a trabalhar lá e logo depois fui cursar Direito — queriam que eu virasse juíza. Mas no meio da faculdade descobri que Direito não era o que eu queria.

Mas mesmo assim se formou.

Me formei e até hoje tenho carteira da OAB. Quando estava com quase 20 anos, porém, notei um boom de cafés gelados — a Starbucks, na época, abria uma loja a cada quatro horas. Daí falei para minha mãe: 'vamos começar a servir cafés gelados'. E ela: 'claro que não, estamos no inverno'. Falei então o seguinte: 'se eu aumentar as vendas em 30%, você me dá um percentual da sociedade?'. Em 30 dias, bati 28%. Daí ela me deu 15% do negócio. Esse foi meu grande gatilho como empreendedora.

Como foi virar empreendedora?

Depois que obtive meus 15%, o negócio virou muito lucrativo. Eu tinha, então, 21 anos de idade e comecei a pensar em como multiplicar o que estava ganhando. Não quis sair gastando. Porque não adianta: se você ganha 1 milhão de reais e gasta 1,2 milhão de reais, vai continuar onde você está, e, ainda por cima, endividado. Daí comecei a abrir novas unidades da tabacaria.

O que te levou a montar um novo empreendimento?

Lá pelas tantas, surgiu uma demanda por alimentação saudável. Foi o que me levou, aos 27 anos de idade, a investir tudo que havia juntado até então — 280 mil reais — na Farani Deli Café. Que, nos primeiros três meses, não vendeu quase nada. Resolvi então ouvir as mulheres, que compunham 75% da clientela. Com os feedbacks recebidos, reposicionei a marca, que passou a se chamar Farani Fresh Food. Era uma espécie de Spoleto das saladas. Começou a ter fila na porta e o breakeven veio no quinto mês. No sexto mês, o presidente do Mundo Verde me procurou e disse o seguinte: 'ou você vem trabalhar comigo ou eu vou te engolir'. Daí virei diretora executiva da vertical de alimentação saudável do grupo. Fiquei lá por dois anos.

Como foi a experiência como executiva?

Infeliz demais. Quer deixar uma empreendedora que gosta do operacional infeliz? Obrigue-a a passar o dia sentada analisando indicadores. Não é pra mim. Você precisa descobrir que tipo de empreendedor você é. Eu achava que ia montar negócios e ficar 25 anos à frente deles. Mas não sou essa pessoa, pois gosto da variedade.

Como virou investidora?

Quando saí do Mundo Verde, um amigo me apresentou ao conceito de investimento-anjo. Ele era ligado ao Gávea Angels, que fui conhecer. O primeiro pitch que conferi era o de uma empreendedora que estava apresentando, para 18 homens, um e-commerce de cosméticos. Fiquei fascinada. Pelo ambiente, pela diversidade de opiniões e pela empreendedora. Daí comecei a me encontrar. Virei investidora-associada do Gávea Angels, depois assumi a vice-presidência e, em seguida, a presidência.

O que um negócio precisa ter para chamar sua atenção?

Você precisa gostar do problema que ele resolve. E também das pessoas que estão à frente do empreendimento, o que faz toda diferença. E, claro, das expectativas de saída. Há compradores para a solução que o negócio oferece? Estamos falando de um mercado que é grande o suficiente a ponto do meu investimento fazer sentido?

Você consegue avaliar um negócio de um segmento com o qual não tem a menor afinidade?

A princípio, não. Mas a beleza do investimento-anjo é que, via de regra, ele é feito em grupo, porque assim o risco é mitigado. Se algum investidor tem propriedade para validar o empreendimento já é meio caminho andado. Mas me dei conta de que nem todos os segmentos me interessam, só aqueles que vejo uma chama acesa.

Qual é sua maior qualidade como empreendedora?

A ousadia, sem dúvida nenhuma. Aquela atitude de 'vamos fazer até dar certo'. Destaco também a capacidade de comunicação, que demorei para ver como um diferencial. Consigo, ainda, me conectar com as histórias dos outros empreendedores. Porque por trás de todo CNPJ tem um CPF, não é? E se o CPF não é bom, o CNPJ também não vai ser. Por fim, me dedico muito a estudar o que está acontecendo no mundo, o que acaba me dando uma visão um pouco mais aguçada.