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Dilma Campos, empresária no ESG

Dilma Campos, CEO da Nossa Praia e Head de ESG da B&Partners.co, conta como foi sua jornada que se iniciou como bailarina e atriz até empreender com foco no ESG.

Muita gente a conhece e não a conhece ao mesmo tempo. CEO da Nossa Praia, especializada em ESG e Head de ESG da B&Partners.co, Dilma Campos virou uma referência no mundo da publicidade — e já há muito tempo. Quem não conhece sua trajetória nesse meio certamente a reconhece do “Castelo Rá-Tim-Bum”, no qual interpretou uma das inesquecíveis Patativas, que apresentavam instrumentos musicais para a criançada.

Antes de empreender, você foi bailarina, atriz e participou do Castelo Rá-Tim-Bum. Como foi esse começo?

Comecei com ginástica olímpica e acabei indo para o balé. E foi a dança que me levou para o “Castelo Rá-Tim-Bum”. Um pouco antes, aos 15 anos, já havia participado de vários quadros do “Rá-Tim-Bum”. Quando comecei a trabalhar com eventos, as pessoas perguntavam: 'eu não te conheço de algum lugar?' E eu: 'não'. Só queria me apresentar como diretora de eventos, diretora de produção. Neguei muito esse passado.

Às vezes a gente acha que para assumir um novo papel precisa esconder outro que já foi desempenhado.

Hoje as pessoas falam: 'a gente queria muito te contratar para fazer um personagem aqui na TV'. Mas eu não tenho mais tempo, tenho uma outra carreira. Quem sabe daqui uns 15 anos eu me aposento do marketing e volto a atuar. Gravei o “Castelo Rá-Tim-Bum” em três meses. Só que o programa foi exibido por mais de 20 anos, e foi visto por muitas gerações. Comecei a fazer eventos, como bailarina, logo depois do "Passarinho…". Dançava nos intervalos de convenções de venda, nas quais comecei a ouvir falar em marketing e a perceber que havia uma estratégia por trás da venda dos produtos, e isso me encantou.

Você cursou odontologia.

Sim, e me especializei em periodontia. Mas quando terminei a especialização eu recebi uma proposta para trabalhar em uma agência de eventos, que nunca deixei de fazer. Aceitei, abandonei a odontologia e mergulhei no live marketing.

Como foi esse novo desafio?

Comecei como diretora artística, assumindo mais tarde também a produção e fui passando por outros departamentos. Depois trabalhei em outras agências, fui para o Grupo ABC e resolvi fazer um MBA na Fundação Getúlio Vargas (FGV) focado em gestão de projetos. Dos alunos da minha classe, 90% eram homens, principalmente das áreas de engenharia e TI. Não havia ninguém de eventos, marketing ou comunicação. Eu pensava na época: 'um dia a gestão de projetos vai ser importante dentro da comunicação'. Quatro anos depois eu vi que estava certa.

O que te levou a virar empreendedora?

Dentro do Grupo ABC, que já tinha várias agências, eu era a única diretora negra. Compreendendo o racismo estrutural, entendi que ali eu não ia crescer. E foi por isso que eu virei empreendedora. Empreendendo, eu poderia mostrar para as pessoas que sou capaz de liderar um negócio.

Se empreender é algo desafiador para tanta gente, para você parece ter sido ainda mais.

Sim, e há uma diferença: não havia dinheiro para alguém como eu. ‘Gente, acabei de fechar um contrato aqui de 1 milhão de reais e preciso de 300 mil reais para começar o negócio’. Não havia esse crédito. Esse é um dos desafios que pessoas pretas empreendedoras enfrentam. Elas precisam se auto-financiar durante muito tempo. Comecei com meu dinheiro.

O que você queria oferecer com o live marketing?

Queria me aproximar do ESG, que na época era chamado de sustentabilidade. Eu queria falar sobre isso. Queria zerar a emissão de carbono dos eventos. Queria falar de diversidade e inclusão, montar equipes diversas. Numa época, queria muito trabalhar com um banco. Consegui marcar uma reunião e tomei um chá de cadeira de 40 minutos. Quando a pessoa me recebeu, ela disse que só tinha 5 minutos. Eu falei: 'vou precisar de 3'. Abri a apresentação e mostrei só 2 slides, mas ela começou a me fazer um monte de perguntas e me disse: 'você não pode voltar semana que vem?'. Não cheguei a trabalhar com esse banco, mas essa reunião é emblemática. Como mulher preta sempre precisei me diferenciar — do contrário começaria sempre com menos 10 pontos, em comparação com as demais agências.

Hoje você faz parte de conselhos e tem uma trajetória conhecida. Sente-se em situação de igualdade com as outras agências?

Ainda me sinto um pouco atrás. Não entro mais em negociações com 10 pontos a menos, mas com 2 a menos, sim. Existe, obviamente, um racismo estrutural que dá margem a vieses inconscientes. Se a pessoa que está falando contigo é parecida com você, você tem propensão de ouvi-la melhor, com mais paciência e empatia. E normalmente eu sou bem diferente da pessoa com quem estou negociando.

Qual é sua maior qualidade como empreendedora?

Minha maior qualidade é a capacidade de escutar. É preciso ouvir não só o que os clientes estão falando, mas também a linguagem corporal deles. Daí fica bem mais fácil entender o que eles querem, de fato, te dizer. E o resultado são projetos muito mais assertivos.