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Diogo Roberte, co-fundador PicPay e Capsu

De publicitário à empreendedor, Diogo Roberte conta como foi escalar seus negócios tão inovadores como o Picpay

Co-fundador do PicPay e Capsu, Diogo Roberte não nega o desejo de criar negócios que impactem milhões de pessoas. É o caso da fintech, que se transformou na maior carteira digital do Brasil. Agora, Roberte está às voltas com a Capsu, startup que fabrica casas modulares e sustentáveis. Vendidas pela internet, elas custam a partir de 680 mil reais e são entregues, na carreta de um caminhão, em 90 dias.

Você começou sua trajetória profissional na publicidade. Como foi essa fase?

Sempre gostei muito de design e, em meu primeiro negócio, vendia cartões de visitas. Confeccionava com a ajuda da impressora de casa, cortava com uma guilhotina e depois entregava. Tinha 14, 15 anos nessa época e achava que meu caminho seria rumo à direção de arte. Tentei cursar artes plásticas na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e fui reprovado já na primeira etapa. Precisei fazer um desenho de natureza morta e foi um fracasso com louvor. Daí optei por publicidade e propaganda e fui trabalhar em agências, nas quais percebi que quem manda nesse jogo é o diretor de marketing. Foi o que me levou a cursar pós-graduação em marketing. Mas depois me dei conta de que quem manda, muitas vezes, é o diretor comercial, o que me fez ir para essa outra área. E, por fim, concluí que quem manda mesmo é o dono da empresa, o que me deu a vontade de criar meu próprio negócio.

Daí até a fundação do Picpay levou um tempo. Como foi essa guinada?

Depois de trabalhar em agências virei freelancer e comecei a me posicionar mais como alguém de estratégia de marketing. E em seguida entrei em uma empresa familiar, de onde saí para ir para uma multinacional, o grupo Cosentino. Minha primeira viagem internacional, para a Espanha, foi em função da entrevista dessa empresa, em espanhol. 'Você fala espanhol?', me perguntaram. 'Falo muito bem', respondi, e fui fazer um curso com aulas duas vezes por semana. Havia lido que, quando você não domina um idioma, sorrir resolve de 50% a 60% dos problemas. Não sei muito bem o que disse na entrevista, mas fui muito simpático e acabei contratado. Tudo que havia estudado a respeito de posicionamento, branding, marca e inovação, o grupo Cosentino estava colocando em prática e criando uma conexão direta com seus usuários. Isso num mercado onde a maior parte das empresas atende outras empresas. Esse contato direto, e criação de uma nova categoria, devido seu posicionamento foi uma plataforma muito importante para que eu desejasse também criar novas categorias de produtos com inovação e conexão direta com as pessoas..

Você aprendeu coisas no grupo Cosentino que levou para o PicPay?

Posicionar e ajudar a criar uma marca de grande impacto na vida das pessoas. Até 2019, no Brasil, não dava para enviar dinheiro 24 horas por dia de segunda a sexta. Acabava o horário bancário, às 17 horas, e você estava sujeito a taxa de TED. Quem tinha que fazer um pagamento de 100 reais precisava pagar uma taxa de R$ 15. Além disso, para receber um pagamento com cartão de crédito um pequeno empreendedor tinha que pagar R$ 1.200 para adquirí-la e esperar 30 dias para receber suas vendas.

Como surgiu a ideia do PicPay?

Eu era um cara muito de negócios e os meus sócios eram muito focados em tecnologia, ao mundo do e-commerce e a meios de pagamento. Um dia eles me falaram a respeito da ideia do PicPay e decidimos construir a empresa juntos. E daí troquei o ramo de mineração, no qual atuava, pela fintech. Lembro de ter comprado, antes disso, um pack com cinco DVDs. Um deles era sobre inovação. Mostrava como empresas disruptivas continuavam a criar um ciclo virtuoso e de sucesso graças à inovação. Faziam isso direcionando 70% dos investimentos ao próprio negócio, enquanto 20% iam para coisas relacionadas a ele. Já os 10% restantes eram destinados a iniciativas que não tinham nada a ver com o negócio. Um exemplo? O desenvolvimento de mapas do Google, cujo foco era publicidade e e-mail. Achei tudo isso muito legal e passei dedicar 10% do meu tempo a assuntos totalmente alheios aos negócios. Me ajudou muito a trocar o setor de mineração pelo de serviços financeiros.

Existe o mito de que o empreendedor precisa trabalhar 16 horas por dia no seu negócio para fazê-lo crescer.

Não existe uma receita de bolo. Sem dúvida, construir algo na proporção do PicPay exigiu muito sacrifício de todos. Fui muito influenciado pela biografia do Steve Jobs. Quero criar negócios que causem impacto na vida de milhões de pessoas. Não dava para fazer isso atuando no segmento B2B, vendendo para outras indústrias. Mas fui ficando atento para oportunidades que pudessem suprir esse desejo. Uma vez recebi uma foto de uma mercearia no interior do Maranhão. O empreendimento pintava à mão as formas de pagamentos disponíveis. Aceitava Visa, Mastercard e PicPay. Recebi essa foto por volta de 2017. E me dei conta que estávamos transformando a vida de muita gente que precisava.

Qual é sua maior qualidade como empreendedor?

A humildade de encarar as minhas próprias fragilidades. Quando me dei conta de que não sou bom em tudo e de que preciso de ajuda para uma porção de coisas, foi transformador. É uma constatação que abre inúmeras possibilidades de crescimento e desenvolvimento. Passei a abraçar mais os meus fracassos para descobrir aquilo que precisava ser melhorado, deixando isso claro para outras pessoas. ‘Cara, não estou entendendo isso, me ajuda?’. Dei oportunidade para que outras pessoas me ajudassem, o que foi muito proveitoso.