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Facundo Guerra, empreendedor na área de entretenimento

Conhecido por seus empreendimentos no ramo do entretenimento, Facundo Guerra conta como coloca de pé negócios que são extensões de sua personalidade.

É fácil perder a conta dos empreendimentos que o empresário Facundo Guerra ajudou a tirar do papel — até o fechamento desta edição, foram 27. O argentino começou a empreender com a lendária boate Vegas, que marcou época na Rua Augusta. Depois veio uma porção de outros estabelecimentos do tipo como o Riviera e o Bar dos Arcos, localizado em meio às fundações do Teatro Municipal. A última empreitada? A Love Cabaret, versão mais comportada da famosa Love Story.

O que te motivou a abrir o Vegas, na Rua Augusta?

Eu fiz engenharia e saí da faculdade com muita ‘aridez interna’. Quando você fica cinco anos estudando engenharia você dialoga com máquinas e engrenagens, esse tipo de coisa. E daí fui fazer uma pós-graduação em jornalismo, que mudou minha vida. Entendo que todo empreendedor também é um comunicador. Porque empreender é materializar uma ideia, que precisa ser bem comunicada. Grande parte do trabalho, afinal, é evangelizar, explicar qual é o negócio que está sendo criado. O Vegas foi um ato de desespero, porque antes eu havia sido demitido. Considero a desesperança um ótimo combustível existencial. Uma vez que você se arrisca na vida e ganha segurança de que o salto no vazio não vai arrebentar todos os seus ossos, fica viciado na adrenalina. E continua a se arriscar.

É por isso que você gosta de saltar de paraquedas?

Eu não gosto de conforto. Gosto sempre de procurar um novo caminho, de fazer uma coisa nova. Há pessoas que gostam de riscos e outras que não. Vindo de uma família de classe média baixa, eu sempre fui mais conservador, não queria correr muitos riscos. Fiz engenharia porque meu pai falava que eu tinha que ter um bom emprego e por aí vai. Quando me arrisquei trocando de área, porém, fui perdendo o medo. Claro, faço muitos cálculos antes de me arriscar hoje em dia. Me arrisco também pelo tédio, pois não gosto de continuar fazendo as mesmas coisas de sempre. E daí a tendência de procurar novas empreitadas.

O Vegas, seu primeiro empreendimento, foi um grande sucesso.

Inesperadamente. Dois anos antes eu tinha feito uma festa em casa para a qual vieram só duas pessoas. Foi constrangedor. Eu não tinha muitos amigos. Como poderia ter aberto uma boate para 500 pessoas? Bom, engenheiro adora um problema. Com o fim da Polaroid, naquela época, os filmes fotográficos da marca passaram a ser vendidos por 1 real. Comprei vários e muitas máquinas, que coloquei na mão da turma do canteiro de obras do Vegas. Depois distribuí as fotos em faculdades de São Paulo. Se essa estratégia trouxe público, não sei ao certo. Mas as polaroids foram um sucesso.

Alguns manuais de empreendedorismo recomendam o investimento só em ramos com os quais o empreendedor já tem familiaridade. Você começou no mundo do entretenimento seguindo outro caminho.

Esses manuais sobre empreendedorismo normalmente são escritos por pessoas que nunca empreenderam (risos). A primeira coisa que é preciso encontrar é um problema que ainda ninguém resolveu. E um serviço ou produto que você gostaria de consumir. Não faço nada que não me dê muito orgulho e nada por dinheiro, que é consequência do trabalho. Se fosse só pela grana eu teria aberto franquia dos meus negócios. Dar uso para um lugar que estava abandonado, por exemplo, é o que me move a montar uma nova casa. Sempre que um empreendimento histórico de São Paulo fecha as portas, um pouco da nossa identidade vai embora. Quero reverter isso.

Por que escreveu o livro "Empreendedorismo para Subversivos"?

O empreendedorismo virou um assunto muito sedutor. No passado, sucesso era virar executivo. Todo mundo almejava virar CEO. Hoje o sucesso é empreender, ser dono do próprio negócio. Só que esse é um caminho muito perigoso, porque o empreendedorismo, se der errado... E as chances de dar errado são gigantescas. Em "Empreendedorismo para Subversivos" recomendo o seguinte para quem planeja montar o próprio negócio: encare isso com a seriedade necessária. As pessoas se preparam um ano para se casar, mas acham que vão empreender da noite para o dia. Dá para fazer? Dá, e o Vegas serve de prova. Mas eu tive muita sorte.

Até que ponto você gosta de correr riscos como empreendedor? Há um limite?

O limite é a minha verdade. Nunca abri um negócio que não fosse um pedaço meu. Os empreendimentos que crio têm uma probabilidade alta de dar errado financeiramente. Posso não recuperar o dinheiro que investi, mas eles vão marcar a minha vida. Também sou territorialista e gosto de me restringir ao centro paulistano. O único empreendimento que montei fora de lá foi o Z Carniceria, no Largo da Batata. Foi no lugar do Aeroanta, que foi uma casa de shows emblemática.

Qual é sua maior qualidade como empreendedor?

A curiosidade, que considero um dos atributos mais bonitos do ser humano. Enquanto você for curioso, você continuará vivo. Acredito muito nisso. Também sou muito pé no chão e nada deslumbrado com o sucesso. E uma das minhas maiores habilidades como empreendedor é saber trabalhar com as pessoas certas.