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Milton Nascimento: voz e alma

Convidado ilustre da campanha de Dia dos Pais da Oficina, Milton Nascimento é um ícone imortal que segue influenciando gerações de admiradores com sua poesia sem fronteiras

Milton Nascimento

4 minutos

Há artistas que nos emocionam; outros, que nos inspiram. E há os raros que fazem as duas coisas ao mesmo tempo — tocando fundo, mesmo em silêncio. Milton Nascimento é esse tipo de artista. Mais que um cantor ou compositor, ele é um ícone: uma das vozes mais singulares da história da música. Uma voz que não veio apenas das montanhas de Minas Gerais, mas de um lugar mais profundo — a alma coletiva do Brasil e do mundo.

Nascido no Rio de Janeiro, mas criado em Três Pontas, no sul de Minas, Milton transformou sua vivência interiorana em poesia sonora. Desde jovem, mostrou que seu lugar na música seria único. Em 1967, com Travessia, arrebatou público e crítica no Festival Internacional da Canção, anunciando a chegada de um artista que romperia fronteiras — estéticas, geográficas e emocionais.

O marco definitivo veio com Clube da Esquina (1972), ao lado de Lô Borges — um dos álbuns mais influentes já feitos no Brasil. A obra uniu rock psicodélico, jazz, bossa nova, música erudita, Beatles e Chopin, num mosaico sonoro que segue moderno até hoje.

O disco foi eleito o melhor álbum brasileiro de todos os tempos por 162 especialistas e, em 2023, ficou em 9º lugar na lista de maiores discos da história da revista americana Paste. Um feito raro para um álbum em português.

Milton nunca quis ser “comercial”. Sempre quis ser verdadeiro. E foi essa busca sincera que o tornou imenso. Com sua voz andrógina, etérea, e uma interpretação que parece canalizar o sentimento do mundo, Bituca — como é carinhosamente chamado — construiu um repertório que fala de amor, infância, espiritualidade, política, ancestralidade e afeto. Um legado que ultrapassa gêneros e gerações.

Suas canções são pontes: entre o sagrado e o cotidiano, o pessoal e o coletivo. E sua influência é tão vasta quanto sua sensibilidade. No Brasil, inspirou Elis Regina, Gal, Gil, Caetano, Chico. No mundo, arrebatou nomes como Wayne Shorter, Herbie Hancock, Paul Simon, Björk e Esperanza Spalding.

Ele é o jazz sul-americano.

Quincy Jones

O reconhecimento de Milton foi mundial, acumulando depoimentos dos mais diversos, como o do Spike Lee, que afirmou “sua voz é um instrumento único”. Ou do Paul Simon disse que Milton tem a habilidade de “entender, pela música, seus próprios sentimentos”.

Essa força também foi reconhecida formalmente. Milton venceu o Grammy em 1998 e foi indicado outras quatro vezes — incluindo em 2025, ao lado de Esperanza Spalding. Soma ainda uma coleção de Grammys Latinos, incluindo o Prêmio à Excelência Musical, em 2000.

Tudo mudou antes e depois do Milton

Ivan Lins

Em 2022, anunciou sua despedida dos palcos com a turnê A Última Sessão de Música, lotando teatros no Brasil e no exterior. O encerramento foi celebrado com o documentário Milton: Bituca Nascimento (2024), exibido na Mostra de Cinema de Tiradentes — um retrato íntimo de um artista cuja missão parecia maior que a própria música.

Milton é, antes de tudo, um construtor de sentidos. E sua obra não envelhece: ela habita o tempo, atravessa fronteiras e continua encontrando ouvidos e corações dispostos a sentir.

Playlist essencial: Milton Nascimento

Uma recomendação imperdível é o Tiny Desk (Home) Concert que Milton Nascimento fez em parceria com Esperanza Spalding. E, se você quer mergulhar no universo de Milton, aqui está uma seleção essencial – uma trilha para conhecer (ou reencontrar) a beleza e a força de sua música.

  • Travessia (1967)
  • Cais
  • Cravo e Canela (com Lô Borges)
  • Tudo Que Você Podia Ser
  • Maria Maria
  • Canção da América
  • Nos Bailes da Vida
  • Milagre dos Peixes
  • Ponta de Areia
  • San Vicente
  • Paula e Bebeto
  • Clube da Esquina Nº 2
  • O Leãozinho (versão ao vivo com Caetano Veloso)
  • Fé Cega, Faca Amolada
  • Encontros e Despedidas

Essa playlist é mais do que uma coletânea, é um convite à escuta atenta, à emoção sem pressa, à delicadeza que resiste. Em tempos de tanto ruído, Milton nos lembra que ouvir também é uma forma de amar.