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O fracasso como parte da jornada empreendedora

O fracasso no empreendedorismo é visto como parte essencial do caminho para o sucesso. Por que isso acontece? Será que isso é apenas um clichê dos filmes de Hollywood ou uma realidade reconhecida por empreendedores e investidores?

A importância do fracasso no caminho empreendedor

Estou na minha terceira tentativa empreendedora. Dessa vez consegui um relativo sucesso. Nas duas anteriores, não. Trabalhei alguns anos nos negócios sem obter lucro e no fim fechei as empresas. Derrota? Hoje, olhando para trás, entendo que não. Aprendi lições valiosas, como indivíduo e gestor.

No mundo do empreendedorismo, o fracasso é quase um rito de passagem natural rumo ao sucesso. Muitos empreendedores de renome e investidores entendem que os tropeços e as falhas são elementos essenciais na trajetória para o sucesso.

Por que isso acontece? Seria apenas um clichê repetido em filmes de Hollywood, com múltiplos fracassos antes de uma vitória superando obstáculos?

Existe uma relação direta entre empreender, inovar e correr riscos. Os empreendedores precisam buscar o novo e o diferente para se destacarem da concorrência e dos produtos já existentes. A inovação implica em um processo de descoberta, testes e erros. Esse caminho requer abordagens diferentes e inovadoras, o que envolve assumir riscos. Naturalmente, algumas dessas situações arriscadas não serão bem-sucedidas, pois o risco, por definição, traz consigo a possibilidade de fracasso.

Aprendizados valiosos em cada ciclo empreendedor

Além disso, o aprendizado é imenso em cada ciclo empreendedor. A cada nova tentativa, o empreendedor se torna mais preparado. Muitas vezes, os aprendizados são maiores em situações difíceis ou de insucesso. Acredito que empreender se aprende essencialmente através da experiência. Podemos estudar administração e fazer MBAs, mas as teorias não se aproximam dos aprendizados de quem dedica uma parte significativa da vida para fazer um negócio acontecer. Por exemplo, o conceito de fluxo de caixa é compreendido racionalmente em uma sala de aula, mas o empreendedor sente o fluxo de caixa no estômago. Ele aprende que o caixa é o oxigênio das empresas ou quebra.

Abri minha primeira empresa com 19 anos. Eu era um estudante de biologia, com poucos recursos financeiros, mas com muita vontade. Era uma fabriqueta de fundo de quintal de velas decorativas. O negócio tinha fundamentos que não iriam parar de pé e eu não sabia absolutamente nada de gestão. Obviamente naufragou. No entanto, essa experiência foi um divisor de águas. Aprendi que precisava buscar conhecimento em administração com outras pessoas e descobri que empreender era o que eu realmente queria fazer. Levei 10 anos trabalhando e aprendendo como funcionário antes de retornar ao empreendedorismo. Essa jornada foi uma lição de humildade e perseverança.

Imagem gerada por Inteligência Artificial (DALL-E).

Além disso, vivenciei a importância de reconhecer o momento de encerrar um negócio e aceitar o insucesso. Para pequenos empreendedores, muitas vezes, o risco pessoal é alto, uma vez que arriscam suas próprias finanças e patrimônio no negócio. Portanto, é crucial que, mesmo diante de um cenário desfavorável, seja possível encerrar o empreendimento de forma a preservar as condições para iniciar novos ciclos ou tentativas. A gestão de riscos e o controle das apostas são fundamentais nesse processo. Gosto de uma frase de Warren Buffet sobre arriscar:

É insano arriscar o que você tem por algo que você não precisa.

Warren Buffet

Minha segunda empresa foi uma startup de tecnologia com investimento de capital de risco internacional. Apesar de termos captado 5 milhões de dólares, não conseguimos estabelecer uma empresa sólida nem realizar uma venda lucrativa do negócio. Brinco que existe o empreendedorismo de rua (aquele com seu capital próprio e de natureza mais cotidiano) e o empreendedorismo da Faria Lima (inovador, tecnologia e com muito capital). Ambos são igualmente difíceis e exigem qualidades similares das pessoas, mas possuem lógicas distintas.

Nesse ciclo, aprendi sobre o desafio de liderar e a importância das relações humanas. Um dos principais fatores que contribuíram para o fracasso foi a falta de alinhamento entre a liderança. A liderança desempenha um papel crucial no sucesso de qualquer empreendimento. É necessário inspirar, motivar e direcionar as pessoas para um objetivo comum. A falta de alinhamento entre os líderes levou a conflitos, falta de comunicação e direcionamento desalinhado. Para mim a liderança precisa compartilhar uma visão comum do negócio e estabelecer uma relação de confiança robusta entre si, onde cada um sabe sua parte da missão e confia 100% nos demais. A qualidade dos relacionamentos estabelecidos é tão importante quanto a qualidade do time.

Atualmente, estou à frente da minha terceira empresa: a agência F2F. Em maio de 2023, completamos 10 anos de existência. Ela apresenta as características de um negócio bem-sucedido: gera valor para todos os envolvidos, fatura milhões, possui uma equipe sólida de 150 pessoas e uma carteira estável de 20 grandes clientes. Ao longo desses anos, tanto eu quanto o negócio evoluímos juntos. Busco constantemente me aprimorar como líder, encontrando o equilíbrio entre estar muito presente (hands-on) e me distanciar do cotidiano na medida certa.

Imagem gerada por Inteligência Artificial (DALL-E).

Ao longo do caminho, internalizei um princípio fundamental: no fim das contas, tudo se resume às pessoas. Compreendi que o sucesso de um empreendimento está intrinsecamente ligado à habilidade do empreendedor em atrair, reter e proporcionar espaço para que indivíduos talentosos contribuam para a construção do sonho inicial. Reconheço que meu papel como líder é criar um ambiente propício para que essas pessoas queiram e construam a partir de seus talentos individuais. Entendo que, ao dar espaço para que as pessoas expressem sua criatividade e autonomia, estou permitindo que o negócio alcance um patamar superior e desafie seus limites. À medida que a empresa cresce, percebo cada vez mais que, após atingir um determinado tamanho (talvez depois de ultrapassar a marca de 10 ou 20 pessoas), minha capacidade de execução se torna insignificante em comparação ao poder coletivo do grupo.

Felipe, e você chegou aonde queria?

Sinto que caminhei e me sinto feliz com a jornada empreendida até aqui, mas ainda tenho muitas tentativas e fracassos pela frente.

No começo de 2023, decidi iniciar uma nova empresa. Uma start-up de tecnologia focada no uso de Inteligência Artificial (IA) aplicada ao marketing. Acredito fortemente que as IAs generativas serão uma mudança tectônica nos negócios, especialmente na comunicação. Minha intuição me diz que tem uma grande oportunidade para novos negócios. Minha experiência acumulada nas empresas anteriores me dá a confiança que, junto com meus sócios, temos chance de disputar uma fatia do mercado.

Vai dar certo?! Provavelmente não. Encaro com tranquilidade essa perspectiva, pois já aprendi que os fracassos são degraus necessários rumo ao sucesso. Não deixe que o medo dos insucessos o impeça de perseguir seus sonhos e objetivos.

Somente aquele que está disposto a arriscar pode realmente conquistar algo na vida.

Muhammad Ali