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O sucesso duradouro de 'On The Road’

Entenda o sucesso do livro 'On The Road' - um relato inspirador que redefine a busca pela essência da vida. Escrito por Jack Kerouac o livro mudou gerações e deixou um legado em diversas industrias culturais.

13 minutos

Há 66 anos era publicado o livro que rompeu com as tradições da literatura mundial. "On the Road”, do escritor Jack Kerouac, considerado um marco, destacando-se pela representação da contracultura e do movimento Beat.

Mas por que após tantos anos esse icônico livro ainda é celebrado e considerado o grande marco mundial da contracultura? Para entender isso, primeiro vamos entender o que foi o movimento Beat.

O movimento Beat

O termo "beat" foi usado por Kerouac para descrever uma geração de pessoas cansadas ou derrotadas pela sociedade convencional, mas que buscavam uma nova forma de expressão e significado na vida.

O movimento literário e cultural surgiu na década de 1950 nos Estados Unidos e se caracterizava por uma crítica à sociedade tradicional e uma busca por experiências autênticas. Alguns dos principais expoentes desse movimento incluíram além de Kerouac, Allen Ginsberg, William S. Burroughs, Neal Cassady, entre outros. Importante ressaltar que todos esses escritores estão, de alguma forma retratados no clássico On the Road.

Os escritores Beat desafiaram as normas sociais da década de 1950, questionando a conformidade e a cultura materialista da época e alegavam que estavam em busca de um significado na vida, explorando questões espirituais e filosóficas, muitas vezes incorporando elementos do budismo e outras tradições espirituais orientais.

Já na literatura, a escrita Beat frequentemente focava em experiências pessoais, viagens, experimentação com drogas e um estilo de vida boêmio. Eles desenvolveram uma linguagem literária espontânea e improvisada, muitas vezes influenciada por técnicas do jazz e da música improvisada. Nessa linguagem e storytelling, a sexualidade era frequentemente explorada de maneira franca e aberta, desafiando as convenções puritanas da sociedade da época.

O livro que marcou a geração Beat

Foi na esteira desse movimento que surgiu essa obra prima celebrada por todos e considerada uma obra seminal escrita por Jack Kerouac, publicada originalmente em 1957. O livro On The Road é considerado um dos pilares do movimento Beat e uma influência significativa na literatura americana, por diversos motivos.

Primeiramente, o livro rompeu com as convenções literárias tradicionais, utilizando uma linguagem espontânea e fluida que refletia o ritmo acelerado da vida moderna. Esse estilo literário criado por Kerouac ficou conhecido como "escrita espontânea" ou "prosa espontânea", no qual ele procurava capturar a fluidez do pensamento e a experiência do momento sem muita revisão. Essa técnica dá ao livro uma sensação de urgência e autenticidade.

Além disso, o livro capturou a essência da juventude da época, especialmente a geração Beat, que buscava uma experiência mais autêntica e transcendental, explorando temas como a busca por liberdade, a rejeição das normas sociais e a exploração das fronteiras geográficas e psicológicas.

A narrativa semiautobiográfica de Kerouac influenciou outros escritores e teve um impacto significativo na cultura popular, contribuindo para a formação de uma identidade literária única nos Estados Unidos.

Uma jornada na estrada, que dá nome ao livro

O livro conta uma história de dois amigos que viajam atravessando os Estados Unidos. Essa jornada física dos personagens pela estrada simboliza uma busca constante por novas experiências, liberdade e autodescoberta. A estrada torna-se um símbolo central na obra, representando a busca pela essência da vida.

Muitos leitores jovens são atraídos pela sensação de escapismo e pelo anseio por experiências autênticas, características fundamentais na narrativa do livro. Além disso, a obra aborda a importância de conexões humanas e amizades na jornada da vida, temas que ressoam especialmente entre os mais jovens, que muitas vezes estão buscando identidade e conexões significativas.

O sucesso de On The Road

O sucesso de "On the Road" trouxe mudanças significativas na vida de Jack Kerouac, seu autor. Em primeiro lugar, a fama repentina o expôs a uma atenção intensa e expectativas crescentes, não apenas do público, mas também dos editores. Isso impactou sua privacidade e liberdade pessoal.

Kerouac reagiu ambiguamente ao sucesso de "On the Road". Inicialmente, ele ficou surpreso pela atenção súbita e pela transformação de sua vida. O sucesso do livro trouxe fama, mas também desafios pessoais, como a pressão e a expectativa contínua por sucessos semelhantes, tornando-se mais recluso e, em alguns momentos, expressando frustração com a imagem que as pessoas tinham dele.

Além disso, Kerouac teve um aumento do consumo de álcool e a luta contra a depressão. As pressões relacionadas à criação de obras subsequentes à altura do sucesso de "On the Road" também tiveram um impacto em sua saúde mental e física.

Até mesmo o casamento de Kerouac, que ocorrera em 1950 com Joan Haverty, começando a ter tensões e desafios.

Assim nascem os Beatniks

Jack Kerouac e o seu estilo literário inovador e espontâneo causou enorme impacto na contracultura dos anos 1960. Na música, especialmente na década de 1960, o termo "beat" também foi associado ao movimento cultural que cercava a música pop britânica, muitas vezes chamada de "Beat music". Grupos como “The Beatles” foram pioneiros nesse gênero e surgiu então a palavra "beatnik” que é um termo usado para descrever um grupo específico de indivíduos associados ao movimento.

Inclusive o termo é uma combinação das palavras "Beat" e "Sputnik" (o satélite soviético que foi lançado em 1957), cunhado pela imprensa para descrever os membros do movimento Beat de uma maneira muitas vezes estereotipada.

Os beatniks eram muitas vezes retratados na mídia como jovens que adotavam um estilo de vida boêmio, interessados em questões como a liberdade pessoal, a espiritualidade, o uso de drogas, a música jazz e a poesia. Eles eram associados a uma rejeição das normas sociais convencionais e buscavam uma existência mais autêntica e livre.

Esse termo também pode carregar uma conotação de caricatura e simplificação excessiva, já que muitas vezes os membros do movimento Beat eram retratados de maneira estereotipada pela mídia da época.

Apesar do uso inicialmente pejorativo, alguns membros do movimento Beat, eventualmente expressaram desconforto com o termo "beatnik", considerando-o redutor e estereotipado. Mas uma coisa é certa, o mundo mudou radicalmente após esse movimento.

A obra de Kerouac, especialmente "On the Road", inspirou o surgimento de uma atitude mais livre e experimental na literatura. Seu impacto vai além do campo literário, afetando também a música, o cinema e outras formas de expressão artística associadas à contracultura americana.

Muitos filmes que exploram temas de liberdade, busca de identidade e resistência às normas sociais refletem a influência de Kerouac. Essa influência pode ser observada em produções cinematográficas que capturam o espírito rebelde e a exploração característicos da obra "On the Road" e do movimento Beat em geral. O estilo de vida errante e as experiências autênticas representadas por Kerouac também encontraram eco em filmes que abordam viagens e descobertas pessoais.

Entre esses filmes podemos ressaltar a influência do livro de Kerouac nas produções de:

"Easy Rider" (1969): Dirigido por Dennis Hopper, este filme encapsula a contracultura dos anos 1960 que explora a busca por liberdade e autenticidade, com os personagens principais fazendo uma jornada de motocicleta pelos Estados Unidos.

"Into the Wild" (2007): Dirigido por Sean Penn conta a história real de Christopher McCandless, que abandonou a sociedade convencional em busca de uma vida mais simples e significativa, percorrendo os Estados Unidos e o Alasca.

"The Motorcycle Diaries" (2004): Dirigido por Walter Salles, segue a jornada de Ernesto "Che" Guevara pela América do Sul antes de se tornar um revolucionário. Embora não seja uma adaptação de "On the Road", compartilha temas de viagem, descoberta e mudança.

"Wild" (2014): Dirigido por Jean-Marc Vallée segue a protagonista em uma jornada de autodescoberta enquanto percorre a Pacific Crest Trail após uma série de eventos traumáticos.

"On the road" Dirigido por Walter Salles, teve José Rivera como roteirista e busca capturar a atmosfera e a narrativa do livro, trazendo à vida as experiências de viagem e a busca por significado. No entanto, é importante notar que adaptações cinematográficas muitas vezes interpretam as obras literárias de maneiras diferentes, e algumas nuances podem ser perdidas ou modificadas na transição para o cinema.

Embora a maioria desses filmes não sejam adaptações diretas de "On the Road", eles compartilham elementos temáticos semelhantes.

Kerouac deixou um legado que inspirou diversos ícones

Vários atores ao longo dos anos expressaram admiração pelo trabalho de Jack Kerouac e se identificaram com suas obras.

James Dean e Jack Kerouac não tiveram uma associação direta, mas ambos são frequentemente considerados ícones culturais da década de 1950, cada um representando certos aspectos da rebelião e da busca por autenticidade característicos dessa época.

Dean, como um dos principais atores da década de 1950, personificou a juventude rebelde em filmes como "Rebel without a cause" , batizado no Brasil de "Juventude Transviada". Embora não tenha interpretado personagens diretamente inspirados nas obras de Kerouac, Dean personificou muitos dos sentimentos e conflitos da geração que Kerouac representou na literatura.

Além de Dean vários atores ao longo dos anos expressaram admiração pelo movimento Beat e alguns deles compartilham afinidades com as ideias e valores do movimento. E aqui podemos citar alguns dos mais expressivos tais como Johnny Depp: que é conhecido por seu interesse na literatura e cultura alternativa, e interpretou Jack Kerouac no filme “The Source: The Story of the Beats and the Beat Generation" (1999).

Ethan Hawke: Hawke é um ator que expressou admiração por autores associados ao movimento Beat, como Allen Ginsberg.

Johnny Galecki: Conhecido por seu papel em "The Big Bang Theory", Galecki é um entusiasta da literatura beat e manifestou seu interesse no movimento.

Matthew McConaughey: O ator expressou admiração por escritores e pensadores não convencionais, incluindo aqueles associados ao movimento Beat.

As demais obras de Jack Kerouac

Após o sucesso de "On the Road", Jack Kerouac escreveu várias outras obras que continuaram a explorar temas semelhantes e a expandir seu estilo literário característico. Algumas das obras notáveis incluem:

"The Dharma Bums" (1958): Uma narrativa semiautobiográfica que explora a busca espiritual e a filosofia budista.

"Desolation Angels" (1965): Uma obra que mistura elementos autobiográficos com reflexões filosóficas e espirituais.

"Big Sur" (1962): Baseado nas experiências de Kerouac em Big Sur, Califórnia, aborda a relação entre o isolamento e a busca por significado.

"Visions of Cody" (1972): Uma obra experimental que captura a essência da amizade e da busca por compreensão.

Essas obras, juntamente com outras escritas por Kerouac, continuam a influenciar a literatura contemporânea.

Apesar do sucesso de "On the Road", Jack Kerouac não acumulou uma grande fortuna. Embora o livro tenha alcançado grande popularidade, parte dos ganhos foi absorvida por despesas e um estilo de vida que incluía viagens frequentes. Além disso, Kerouac não teve uma gestão financeira cuidadosa, o que contribuiu para desafios econômicos ao longo de sua vida.

Ele não experimentou a estabilidade financeira correspondente ao sucesso literário que alcançou. Ele teve uma única filha, Jan Michelle Kerouac, com sua segunda esposa, Stella Sampas. Jan Michelle enfrentou dificuldades financeiras após a morte de Kerouac e, infelizmente, também teve uma vida difícil, falecendo em 1996. Portanto, a herança de Kerouac não resultou em uma estabilidade financeira duradoura para seus herdeiros. O que ele deixou foi um legado cultural inquestionável para o mundo.